sábado, 10 de março de 2012

cacique Jandira

cacique guarani 'mãe de todos'

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ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
"Minha geração só se considera guarani por causa dela", diz a professora Poty Poran, 34, sobre a avó, a cacique Jandira Augusta Venício.
Kerexu, em seu nome indígena (significa "mãe de todos", em guarani), comandava a aldeia fundada por ela e o marido na década de 60: a Tekoá Ytu, no Jaraguá, zona norte da capital paulista, distante a 22 km da praça da Sé.
Natural de Itanhaém, Jandira viveu em sua aldeia, Rio Branco, até os 12 anos. No litoral, conheceu Joaquim Augusto Martim, índio que fora criado por uma família de alemães protestantes. Casaram-se e vieram para São Paulo.
Por um tempo, moraram em Cidade Dutra, na zona sul, até que foram convidados a ocupar uma área no Jaraguá.
Joaquim, cacique da aldeia, trabalhava como jardineiro. Por causa de sua criação, tornou-se evangélico.
Quando morreu, nos anos 90, Jandira construiu uma casa de rezas (opy) e proibiu a entrada dos evangélicos na Tekoá Ytu. Para preservar as tradições, falava guarani (além do português) e sempre levou os filhos para conhecer os rituais em outras aldeias.
Descrita como um mulher de personalidade forte, lutou para que a aldeia ganhasse uma escola (onde a neta leciona) e um posto de saúde.
Segundo os familiares, o lugar, pobre (e onde vivem 150 pessoas), ainda sofre com falta de saneamento básico.
Jandira dava muitas entrevistas, mas reclamava dos que pegavam suas informações e nunca mais voltavam.
Morreu no sábado, aos 78, após uma infecção pulmonar. Teve 13 filhos (oito estão vivos). O enterro foi no cemitério da aldeia Krukutu, em SP.