Rumores sobre fraude em sorteio da Mega-Sena ganham força na rede | Congresso em Foco
Rumores sobre fraude em sorteio da Mega-Sena ganham força na rede
O assunto tem dominado as redes sociais desde a última quarta-feira (25), quando saiu o mais recente resultado da Mega-Sena. E, para muitos internautas, trata-se de fraude a aposta, mais uma vez contemplando um bilhete comprado no Distrito Federal, que acertou as seis dezenas da mais disputada loteria do país. Em questão, a bolada de R$ 205 milhões destinada a um único jogo – recorde histórico – e a credibilidade de uma instituição como a Caixa Econômica Federal, responsável pela realização do certame.
Um vídeo que circula no aplicativo de mensagens Whatsapp coloca em suspeição inclusive os proprietários da lotérica (Wands Loterias Ltda.) que vendeu o bilhete premiado – pago a R$ 3,50, o preço da aposta simples. No filmete, um internauta não identificado faz uma busca no site da Receita Federal e, ao chegar à Consulta de Sócios e Administradores (QSA), descobre que entre os donos da loja, localizada em um dos bairros mais valorizados Brasília, há um com o sobrenome Youssef – o mesmo do doleiro Alberto Youssef, um dos principais artífices do esquema de corrupção descoberto pela Operação Lava Jato na Petrobras. Mas, apesar do nome, o vídeo não apresenta evidências sobre parentesco.
“Olha só o quadro societário, direto da Receita Federal, na consulta QSA…”, pausa o internauta, focalizando a página institucional e ironizando a descoberta. “Olha só o Youssef aqui! Que legal! Estão observando? É isso aí, pessoal. A casa caiu”, diz o autor do vídeo de cerca de um minuto.
No perfil do Congresso em Foco no Facebook, outro internauta vai direto ao assunto ao afirmar que os sorteios de loteria são alvos constantes de fraude. “Loterias são comprovadamente utilizadas para lavagem de dinheiro. Existem pessoas ‘de sorte’, como um apostador que ganhou 550 vezes na loteria, outro que ganhou 327 vezes, ou – o mais incrível de todos – um cidadão agraciado com 107 prêmios da loteria, em sete modalidades diferentes, em vários estados da Federação e no mesmo dia…”, diz o leitor do site.
Lenda urbana ou prática real de crime, o fato é que os sorteios de loterias no Brasil há muito têm sido alvo de especulações sobre a transparência dos seus procedimentos. Há cerca de dois meses, a Polícia Federal desarticulou uma quadrilha que fraudava bilhetes, em parceria com gerentes da Caixa, para receber premiações. Nesse caso, suscitou-se a possibilidade de que o setor de tecnologia da instituição poderia facilmente desenvolver, depois do anúncio do resultado, uma espécie de bilhete premiado.
Mas já chegou a haver também a desconfiança, por parte da Polícia Federal, de que o próprio instrumento de sorteio, as bolinhas numeradas, eram “batizadas” com pesos diferentes que permitiam a detecção e, consequentemente, a separação das demais pelos operadores do certame. Tal indício de manipulação levou a PF a iniciar uma investigação sigilosa – tanto esta quanto aquela suspeita não chegaram a comprovar qualquer fraude. A mera divulgação dos fatos, no entanto, alimenta o imaginário popular.
Ofício
Os materiais divulgados nas redes são emblemáticos das reações, em nível nacional, sobre os rumores de que os sorteios são manipulados. A grita geral ganhou força diante do fato de que apostadores de Brasília têm sido recorrentemente contemplados com prêmios acumulados, quando valores aumentam significativamente em relação ao número originalmente anunciado. Diante dos protestos virtuais e das mensagens que diz ter sido enviadas ao seu gabinete em Brasília, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) encaminhou ofício, nesta segunda-feira (30), à presidente da Caixa Econômica Federal, Miriam Belchior, em busca de esclarecimentos.
“Não é um assunto novo. Em 2004 e em 2005 denunciei desta tribuna, com base em informações sigilosas fornecidas pelo Coaf [Controle de Atividades Financeiras], que cidadãos brasileiros com muita sorte ganhavam muitas vezes na loteria. Denunciamos que um deles chegou a ganhar 525 vezes; outro, mais de 300 vezes; outro, mais de 200; um deles, mais de 100, com vários prêmios no mesmo dia, em sete loterias diferentes de vários estados brasileiros – prêmios sacados no mesmo dia. É claro que isso consubstanciava claramente a existência da lavagem de dinheiro sujo com sorteios das várias loterias administradas pela Caixa Econômica Federal”, reclamou o senador tucano, em discurso feito na tribuna do plenário.
Em e-mail encaminhado ao Congresso em Foco, a Caixa Econômica negou qualquer irregularidade nos procedimentos de sorteio e na divulgação de resultados. Entre outros pontos, a Caixa rebate a acusação de que existe algo errado no fato de que, em um primeiro momento, o site da Mega-Sena veiculou a informação de que o prêmio havia acumulado, para em seguida anunciar o vencedor.
“Exclusivamente na tela inicial das Loterias no site, houve atraso na atualização dos dados, o que manteve a palavra ‘acumulou’ referente ao sorteio anterior. No entanto, desde o primeiro momento, as informações sobre o referido concurso foram atualizadas normalmente na página específica da modalidade Mega-Sena e no aplicativo da Caixa para celular”, registra a instituição financeira.
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