sábado, 21 de janeiro de 2012

crianças indigenas morrem.

imagem do blog do miss Anderson Souza Ba.13 crianças indígenas morrem por diarreia no Acre
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O Ministério da Saúde confirmou, em nota, que 13 crianças
indígenas morreram, em pouco mais de um mês, em decorrência de uma
diarreia aguda em aldeias das etnias Kaxinawá e Kulina no município
de Santa Rosa do Purus, no Acre.

A suspeita é que elas tenham sido vítima do rotavírus, doença
diarreica aguda causada por vírus transmitido por contato entre
pessoas, através de água, alimentos e objetos contaminados.

A nota, assinada pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai),
ligada ao ministério, informa que até o momento não foi confirmado
ou notificado oficialmente casos de rotavírus nas comunidades
indígenas. “Não há confirmação laboratorial dos casos e a causa
das mortes ainda está sob investigação”, diz o ministério.

Ainda segundo a nota, as morte foram registradas nas aldeias de Nova
Família, Morada Nova,Novo Repouso, Nova Fronteira, Nova Aliança,
Kanamari e Moema.

O Ministério da Saúde informou que está monitorando as
investigações, e já disponibilizou ajuda ao município e ao
Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Alto Rio Purus,
responsável pelo atendimento básico de saúde à comunidade
indígena da região.

De 1 a 18 de janeiro [2012], 70 crianças indígenas foram
identificadas com doença diarreica aguda. Dessas, 3 morreram e 2
continuam internadas para tratamento, que é a base de reidratação
oral. Em dezembro passado [2011], foram 10 mortes.

Os casos ocorreram em 20 das 46 aldeias na região do município de
Santa Rosa do Purus, onde há 3.000 índios. Próximo da fronteira com
o Peru, a secretaria alega que o acesso às tribos é difícil, feito
por barco.

Equipes de saúde do ministério em Alto Rio Purus e dos governos
estadual e municipal foram deslocadas paras aldeias em busca de novos
casos e para investigar os motivos das mortes. A orientação é
reidratar os doentes com sintomas suspeitos. Já os desidratados e
desnutridos são removidos.

Para o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), as mortes mostram o
descaso das autoridades com os indígenas no Acre. “O grave é que
ninguém faz nada e fica um jogo de empurra-empurra entre as
instituições que deveriam estar cuidando da saúde dos povos
indígenas”, disse a entidade.
Comunicado por:
Promed-Port
promed-port@promedmail.org
[Não há a menção das faixas etárias acometidas. Pelas
informações apresentadas na notícia, aparentemente, o surto parece
acometer somente a faixa etária pediátrica. Nesse caso, rotavírus
é o mais provável. Fica a pergunta: qual a idade das crianças que
morreram? Eram vacinadas contra rotavírus? Dependendo da idade, se
não eram, deveriam ter sido.
Aproveito o tema Diarréia-Acre, para trazer uma importante
observação manifetada pela minha colega de residência médica, e
grande amiga, Dra. Ana Carolina Silva Santelli sobre os riscos de
introdução da cólera em território nacional a partir de imigrantes
haitianos que chegam ao Brasil através do estado do Acre.
Que fique claro que o surto de diarréia entre os índios Kaxinawá e
Kulina aqui reportado parece não guardar nenhuma relação com
cólera e imigrantes haitianos. Mas fica o alerta: a cólera no Haiti
tende a se tornar endêmica (Veja: PRO/PORT> Cólera –Haiti,
epidemia, situação atual - arquivo <20120109.1003829>) e o fluxo de
imigrantes (legais e ilegais) oriundos daquele país tende a aumentar
(Veja: "Acre é rota para a entrada de haitianos no Brasil" , Fonte:
O sistema de vigilância, mais do que nunca, deve redobrar a atenção
para a ocorrência de surtos de diarréia nos estados que sabidamente
têm sido porta de entrada para imigrantes oriundos do Haiti.
Para localizar Santa Rosa dos Purus (Acre) no HealthMap, acesse:
;

VARICELA

VARICELA
Com duas mortes e 80 casos, Ipu (CE) alega surto de catapora e pede
vacinas ao Ministério da Saúde
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Os moradores do município de Ipu (CE), a 324 km de Fortaleza, estão
assustados com a grande quantidade de pessoas adoeceram de catapora em
2012. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, cerca de 80 pessoas
foram infectadas e 2 crianças morreram em decorrência de
complicações da doença.

Técnicos da secretaria municipal e uma equipe de epidemiologistas da
Sesa (Secretaria da Saúde do Estado do Ceará) estão catalogando,
desde esta segunda-feira (16) [janeiro/2012], os casos suspeitos para
confirmar oficialmente os doentes. O trabalho está contabilizando
registros da doença por equipes do PSF (Programa de Saúde da
Família) e agentes de saúde. A previsão é que até o final da
semana [janeiro/2012] o trabalho seja concluído e o número exato de
pessoas que manifestaram a doença seja repassado para o Ministério
da Saúde.

Segundo a secretaria municipal de saúde, a prefeitura solicitou ao
Ministério da Saúde que sejam enviadas doses da vacina contra
catapora o mais rápido para imunizar uma parte da população que
está mais vulnerável para contrair a doença.

A secretária de Saúde de Ipu, Efigênia Mororó, disse ao UOL que
emergencialmente pessoas do grupo de risco – com imunidade baixa e
gestantes que tiveram contato com doentes de catapora – estão
tomando doses de imunoglobulina para aumentar a imunidade do
organismo.

Na semana passada, as crianças M.E.A.L., 11, e R.P.T., 9, morreram
depois de contraírem a doença e terem complicações na assepsia das
bolhas, causando infecção generalizada. A menina ainda foi levada
para o hospital, mas, segundo a SMS, o quadro evoluiu rapidamente.
“Em menos de 48 horas a criança veio a falecer. Estamos aguardando
os resultados dos exames que vão apontar quais bactérias infectaram
as duas crianças, mas provavelmente foi a estafilococos”, disse a
secretária de Saúde de Ipu, Efigênia Mororó.
Efigênia afirmou que a prefeitura está preocupada com o grande
número registrado da doença e “já caracterizou como surto”.
“Nesta época do ano é comum surgirem surtos de catapora em várias
cidades brasileiras, mas estamos em alerta, pois foram duas mortes
decorrentes da doença aqui em localidades distintas”, disse ela,
ressaltando que a demora em procurar socorro médico facilitou a
infestação de bactérias nas bolhas geradas pela catapora no corpo
das 2 crianças.

“O problema é que as pessoas querem se tratar em casa, mas é
preciso ir ao médico para obter o tratamento correto. A catapora em
si não mata, o que leva a óbito são as bactérias que encontram
porta de entrada pelas bolhas e infestam o corpo. Em um dos casos, a
criança sequer tomou banho no período em que estava doente e a
assepsia é imprescindível para combater as bactérias”, informou a
secretária, que acrescentou que as duas crianças tinham a imunidade
baixa e uma delas fazia tratamento de saúde contra uma alergia rara,
no Rio de Janeiro.

Segundo ela, moradores estão usando máscaras para saírem às ruas
com medo de contrair o vírus, pois a vacina contra a catapora não
faz parte do calendário básico de vacinação da rede pública. Quem
tem condições financeiras em custear uma dose da vacina contra
varicela disponível na rede particular já se imunizou. Mesmo com
preços salgados, que variaram entre R$ 150 a R$ 200, os estoques da
vacina em clínicas particulares da região de Ipu acabaram.
Estado nega surto
Apesar da Secretaria de Ipu afirmar que o município está vivendo um
surto de catapora, a Sesa nega que o número de casos seja
caracterizado surto. O coordenador de Promoção e Proteção à
Saúde da Sesa, Manoel Fonseca, disse ao UOL que a população deve
ficar tranquila, já que “apenas 5 casos, com 2 mortes, foram
registrados pelo Estado.”
“Não há motivo para pânico, nem para solicitação de vacinas
contra varicela ao Ministério da Saúde, pois foram casos isolados e
essas pessoas já tinha histórico de outras doenças”, destacou
Fonseca.
Ele afirmou que o Estado enviou 200 doses da vacina, mas que nenhuma
foi utilizada. “Ainda estamos trabalhando com os números oficiais
que chegaram ao Estado, e não com os que município está falando.
Nossa equipe de epidemiologista está esta semana [janeiro/2012] em
Ipu tentando ver com as equipes médicas do PSF, postos de saúde,
hospitais e agentes de saúde quem apresentou sintomas da doença para
analisar se foi mesmo catapora”, afirmou.
Para ele, as mortes das crianças ocorridas na semana passada foram
resultados de assepsias mal feitas e “após coçar as bolhas com as
mãos sujas, com a pele aberta para entrada de bactérias, as
crianças tiveram complicação que as levaram a óbito.” “Foram
casos isolados e excepcionais”, apontou.
A reportagem do UOL entrou em contato com o Ministério da Saúde,
nesta terça-feira (17) [janeiro/2012], mas até a publicação do
texto não recebeu resposta sobre a ajuda ao município.
Comunicado por:
Promed-Port
promed-port@promedmail.org

[Casos isolados de varicela não são passíveis de notificação
compulsória. Casos graves, formas atípicas, óbitos e surtos, sim,
devem ser notificados.

Embora a Secretaria de Estado não esteja considerando o surto, pelo
que parece o município está fazendo a lição de casa: notificou o
possível surto e óbitos, utilizou imunoglobulina para expostos
susceptíveis e solicitou doses de vacina, em contexto de surto. Para
saber se é surto ou não, se há indicação de vacinação de
bloqueio e para quem, são necessárias mais informações (aglomerado
de casos?, faixa etária? , distribuição temporal?...).

Entretanto, sobre a notícia, algumas afirmações ,e alguns absurdos,
merecem ser apontadas:
1)"catapora em si não mata” – varicela (ou catapora) pode sim
levar à morte. Sim, infecção bacteriana secundária é
relativamente freqüente e pode ser o foco de complicações como
sepse e síndrome do choque tóxico. Entretanto, complicações como
encefalite (letalidade 5%-20%), ataxia cerebelar e pneumonite pelo
vírus da varicela se associam a elevada morbimortalidade. Em
imunocomprometidos observa-se letalidade em torno de 15%. Não nos
esqueçamos da varicela perinatal (letalidade próxima a 30%).

2)“a população deve ficar tranquila, já que ‘apenas 5 casos,
com 2 mortes, foram registrados pelo Estado’.” – inconcebível
aceitar de um gestor do programa de promoção à saúde a afirmação
de que por se tratar de “apenas” 2 óbitos (que fosse 1) não deve
haver na população apreensão em relação à doença. Absurdo ainda
maior por se tratar de uma doença imunoprevinível.

3)Enviar equipe de epidemiologistas para averiguar se o quadro
clínico dos casos notificados é realmente com catapora? Dispensa
comentários.

Essa semana [janeiro/2012] vimos o anúncio da incorporação de mais
uma vacina, a vacina inativada contra a poliomielite, pelo Programa
Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde do Brasil. Mais um
grande avanço (em 2011, foram as vacinas contra meningoco C conjugada
e pneumococo). Esperamos que a vacina contra a varicela seja o quanto
antes a próxima da lista.

Embora seja bem conhecida pela maioria das pessoas, profissionais da
saúde ou não, para ver a lesão cutânea da varicela, acesse:


Para localizar Ipu (Ceará) no HealthMap, acesse:
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