Operação SOS Saúde
20/10/2015 12h03 - Atualizado em 20/10/2015 20h29
Quatro são presos em operação da Polícia Civil e MP em Passos, MG
Ex e atual secretários de Saúde, ex-diretor da UPA e assessor foram detidos.MP suspeita que eles operavam um esquema de desvio de verbas.
Quatro pessoas foram presas temporariamente durante a operação 'SOS Saúde', realizada pelo Ministério Público em conjunto com a Polícia Civil nesta terça-feira (20) emPassos (MG). São investigados crimes de corrupção passiva, peculato, falsidade ideológica, e organização criminosa praticados por servidores públicos da gestão de saúde do município. Segundo o MP, a operação é resultado de 14 meses de investigações.
Segundo Paulo Queiroz, delegado regional da Polícia Civil, entre os detidos estão o atual secretário de Administração e ex-secretário de Saúde da prefeitura, Gilberto Lopes Cançado, o atual secretário de saúde, Dickson de Castro, o ex-diretor da Unidade de Pronto Atendimento, Ildelfonso Pereira Medeiros Filho, e o ex-delegado da Polícia Civil e atual assessor especial da prefeitura, Wagner Caldeira.
A suspeita do MP, é de que eles operavam um esquema de desvio de verbas, que pode chegar a R$ 790 mil, através do pagamento de horas extras indevidas. São analisadas mais de 800 horas de trabalho contabilizadas entre setembro de 2013 e agosto de 2014, quando começaram as investigações.Conforme o MP, o pagamento das escalas dos plantões médicos da Unidade de Pronto Atendimento de Passos era superfaturado. A Promotoria acredita que o valor pago a mais ficava com os suspeitos, que podem ter recebido apoio de médicos para falsificar os pontos e de funcionários, que tiveram contato com as escalas originais. Nos últimos meses, 20 pessoas entre suspeitos, funcionários da Upa e médicos foram ouvidos.
A Justiça também determinou o afastamento do cargo de outros dois servidores públicos da UPA de Passos. Além disso, foram executados também oito mandados de busca e apreensão. Durante a operação, foram apreendidos documentos e aproximadamente 2 mil dólares e 2 mil euros.
A prisão temporária dos suspeitos é válida por cinco dias, podendo ser prorrogada ou revertida em prisão preventiva. Três dos detidos foram levados para o Presídio de Passos. Já o ex-delegado será levado para um presídio na Região Metropolitana de BH.
De acordo com o promotor Paulo Frank, o prefeito da cidade, Ataíde Vilela (PSDB), não está sendo investigado.A assessoria da Prefeitura de Passos informou que está acompanhando as investigações através da Procuradoria-Geral do Municipal, mas que os acusados são representados por seus advogados particulares. A prefeitura ainda negou que tenha havido coação de médicos e disse estar colaborando com as investigações do Ministério Público.
Veja a nota na íntegra:
O Ministério Público solicitou do Poder Judiciário a busca e apreensão de documentos nas secretarias municipais de Administração e Saúde e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e no posto de combustíveis de propriedade do secretário municipal de Administração.
O MP pediu e o Judiciário deferiu as prisões temporárias dos secretários Dickson Helinton de Castro (Saúde), Gilberto Lopes Cançado (Administração), do ex-diretor da UPA Ildefonso Medeiros Filho e do assessor Wagner Diniz Caldeira e determinou o afastamento do diretor e da secretária administrativa da UPA.
O MP alega que médicos da UPA, durante investigação sobre pagamento por plantões não trabalhados, disseram ter sidos coagidos a fazer acordo para devolução dos pagamentos dos plantões não cumpridos.
A Prefeitura Municipal de Passos informa que está acompanhando o caso, através da Procuradoria-Geral do Municipal, mas que os acusados são representados por seus advogados particulares.
A Prefeitura nega que tenha havido coação de médicos e afirma que alguns dos envolvidos assinaram o acordo espontaneamente. O acordo para a devolução do dinheiro dos plantões foi proposto após investigação das secretarias municipais de Administração e Saúde sobre as suspeitas de pagamentos indevidos de plantões para médicos. Grande parte do que foi apurado pela Prefeitura foi enviada para o Ministério Público, para contribuir nas apurações desse órgão.