O aparecimento de caramujos gigantes africanos em duas cidades alagoanas está preocupando as autoridades sanitárias de Alagoas. Este ano já foram registradas pragas dos moluscos em Maceió e Penedo, que possuem focos atualmente, e Roteiro, que foi "invadida" em maio.
Em Penedo, município mais afetado pelos moluscos, milhares deles estão espalhados pela cidade. A situação foi tão grave, que o Exército foi acionado e iniciou na última quarta-feira (10) uma operação, com 30 homens do Tiro de Guerra, para ajudar a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) a recolher os caramujos na parte da cidade alta.
Os trabalhos devem terminar somente nesta semana. Todos os bichos coletados estão sendo colocados em tonéis de ferro para depois serem incinerados e enterrados em local apropriado pelo município.
“Começamos logo cedo porque, à medida que o sol esquenta, os bichos se escondem na terra. Recolhemos dois tonéis cheios de moluscos hoje”, informou o sub-tenente Aldori Junker, chefe do Tiro de Guerra de Penedo.
Proibição de criatórios causou proliferação de caramujos africanos no Brasil, diz pesquisador
Após estudos realizados pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), em 2003 foi proibida a criação dos moluscos em território brasileiro. Mas a medida, ao invés de erradicar esses animais, ajudou a proliferação da espécie indiscriminadamente. Quem faz essa avaliação é o veterinário Maurício Carneiro de Aquino, um dos fundadores da Associação de Helicicultores do Rio de Janeiro --a primeira associação de criadores de caramujos do Brasil.
Leia a notícia
A secretária de Saúde de Penedo, Geonice Peixoto, afirmou que há quatro anos a cidade registra casos de caramujos, mas o número de moluscos está aumentando. “Estamos com um mutirão para diminuir a incidência desses animais e até a erradicação deles aqui em Penedo”, disse.
Luvas especiais
“Por prevenção estamos realizando esse trabalho. Além da coleta, a prefeitura está fazendo a limpeza dos terrenos baldios e públicos com a retirada do mato para que os caramujos apareçam e sejam coletados.”
Peixoto informou que também estão sendo distribuídos sacos plásticos e luvas especiais para que a população da zona rural ajude na coleta. “Distribuímos o material para que a população vá também coletando nos quintais das residências e a cada dia seguinte outra equipe passa para recolher os caramujos que foram capturados”, afirmou.
A orientação é para que a população de onde ocorra o aparecimento dos caramujos recolha os animais com luvas e os coloque em vasilhas de ferro, como tonéis, para serem queimados. Depois de incinerado, o resto do material deverá ser enterrado numa vala e coberto com cal virgem para evitar contaminação de doenças.
“Não se deve usar inseticidas pois os caramujos vão morrer e o veneno contaminar o solo”, explicou a secretária de Saúde de Penedo, destacando que se as cascas dos moluscos quando jogadas sem cobertura de terra ficam sujeitas a armazenarem água e virarem criatórios para o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.
Em Maceió, os caramujos estão tomando conta do conjunto Carminha, no bairro do Benedito Bentes. Há informações de que a população se arrisca para consumir os moluscos. Segundo moradores, um homem teria morrido de infecção intestinal seguida de hemorragia.
A reportagem do UOL Notícias entrou em contato com a Vigilância Sanitária e com o Centro de Controle de Zoonoses de Maceió, mas nenhum dos dois órgãos informou a existência de ações específicas para combater os caramujos.
Riscos à saúde
Os caramujos gigantes (Achatina fulica) são transmissores de sérias doenças nos sistemas nervoso e intestinal, além de hemorragias que podem levar o doente à morte. O animal foi trazido ilegalmente do leste e nordeste da África na década de 1980, por empresários que queriam introduzir na culinária brasileira pratos com o molusco.
Ao contrário dos escargots na França, contudo, a comercialização do animal no Brasil não deu certo, e os caramujos que estavam sendo cultivados no país foram soltos a esmo e vêm causando infestação nas cidades brasileiras.
O animal é hospedeiro de dois vermes, e o simples manejo dos caramujos vivos pode causar contaminação humana. Ao invadir as plantações, os caramujos podem contaminar a lavoura e disseminar doenças.
O molusco acaba com as plantações nas lavouras, como amendoim, abóbora, batata-doce, feijão, mandioca, mamão, tomate e outras verduras. Flores e frutas também são devastadas com a praga.
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Em Penedo, município mais afetado pelos moluscos, milhares deles estão espalhados pela cidade. A situação foi tão grave, que o Exército foi acionado e iniciou na última quarta-feira (10) uma operação, com 30 homens do Tiro de Guerra, para ajudar a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) a recolher os caramujos na parte da cidade alta.
Os trabalhos devem terminar somente nesta semana. Todos os bichos coletados estão sendo colocados em tonéis de ferro para depois serem incinerados e enterrados em local apropriado pelo município.
“Começamos logo cedo porque, à medida que o sol esquenta, os bichos se escondem na terra. Recolhemos dois tonéis cheios de moluscos hoje”, informou o sub-tenente Aldori Junker, chefe do Tiro de Guerra de Penedo.
Proibição de criatórios causou proliferação de caramujos africanos no Brasil, diz pesquisador
Após estudos realizados pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), em 2003 foi proibida a criação dos moluscos em território brasileiro. Mas a medida, ao invés de erradicar esses animais, ajudou a proliferação da espécie indiscriminadamente. Quem faz essa avaliação é o veterinário Maurício Carneiro de Aquino, um dos fundadores da Associação de Helicicultores do Rio de Janeiro --a primeira associação de criadores de caramujos do Brasil.
Leia a notícia
A secretária de Saúde de Penedo, Geonice Peixoto, afirmou que há quatro anos a cidade registra casos de caramujos, mas o número de moluscos está aumentando. “Estamos com um mutirão para diminuir a incidência desses animais e até a erradicação deles aqui em Penedo”, disse.
Luvas especiais
“Por prevenção estamos realizando esse trabalho. Além da coleta, a prefeitura está fazendo a limpeza dos terrenos baldios e públicos com a retirada do mato para que os caramujos apareçam e sejam coletados.”
Peixoto informou que também estão sendo distribuídos sacos plásticos e luvas especiais para que a população da zona rural ajude na coleta. “Distribuímos o material para que a população vá também coletando nos quintais das residências e a cada dia seguinte outra equipe passa para recolher os caramujos que foram capturados”, afirmou.
A orientação é para que a população de onde ocorra o aparecimento dos caramujos recolha os animais com luvas e os coloque em vasilhas de ferro, como tonéis, para serem queimados. Depois de incinerado, o resto do material deverá ser enterrado numa vala e coberto com cal virgem para evitar contaminação de doenças.
“Não se deve usar inseticidas pois os caramujos vão morrer e o veneno contaminar o solo”, explicou a secretária de Saúde de Penedo, destacando que se as cascas dos moluscos quando jogadas sem cobertura de terra ficam sujeitas a armazenarem água e virarem criatórios para o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue.
Em Maceió, os caramujos estão tomando conta do conjunto Carminha, no bairro do Benedito Bentes. Há informações de que a população se arrisca para consumir os moluscos. Segundo moradores, um homem teria morrido de infecção intestinal seguida de hemorragia.
A reportagem do UOL Notícias entrou em contato com a Vigilância Sanitária e com o Centro de Controle de Zoonoses de Maceió, mas nenhum dos dois órgãos informou a existência de ações específicas para combater os caramujos.
Riscos à saúde
Os caramujos gigantes (Achatina fulica) são transmissores de sérias doenças nos sistemas nervoso e intestinal, além de hemorragias que podem levar o doente à morte. O animal foi trazido ilegalmente do leste e nordeste da África na década de 1980, por empresários que queriam introduzir na culinária brasileira pratos com o molusco.
Ao contrário dos escargots na França, contudo, a comercialização do animal no Brasil não deu certo, e os caramujos que estavam sendo cultivados no país foram soltos a esmo e vêm causando infestação nas cidades brasileiras.
O animal é hospedeiro de dois vermes, e o simples manejo dos caramujos vivos pode causar contaminação humana. Ao invadir as plantações, os caramujos podem contaminar a lavoura e disseminar doenças.
O molusco acaba com as plantações nas lavouras, como amendoim, abóbora, batata-doce, feijão, mandioca, mamão, tomate e outras verduras. Flores e frutas também são devastadas com a praga.
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